Gravações - Repertório

As obras abaixo estão prontas e disponíveis para apresentações, concertos e recitais.


Nem todas as gravações foram atualizadas, portanto, algumas obras já possuem uma interpretação mais apurada.






Maiores informações, no Link Repertório e Downloads/Gravações

segunda-feira, 29 de julho de 2013

História e uma breve análise de Le Petit Négre de Claude Debussy

Clude Debussy, foi um grande músico e compositor francês,nascido em 22 de agosto de 1862, tendo falecido em 25 de março de 1918.

Sua obra é pouco acessível, sendo complexa devido a sua densidade tonal e caráter inovador para a época, tendo ligação direta com o movimento impressionista. É comum o uso de cromatismo e figuras para demonstrar algum fenômeno, como por exemplo, a chuva caindo ou uma tempestade. Debussy também decidiu não ater-se ao método clássico de composição, desta forma temos obras cuja harmonia soa um tanto aleatória, e o aparecimento de cromatismos constantes com cadências pouco usuais na época.


Le Petit Nègre - The Litle Nigar - O Pequeno Negro

Esta obra foi composta em 1909, sua tonalidade é Dó Maior, porém, sendo uma obra impressionista moderna, sua tonalidade pouco diz respeito acerca da música.

Não existem muitas informações acerca da obra, sabe-se que foi escrita pouco após Debussy compor "golliwogs-cakewalk", uma coleção de pequenas composições simples para piano, dedicadas a sua filha. Alguns acreditam que "Le Petit Nègre" deveria fazer parte deste conjunto de composições, devido a sua similaridade com as demais obras.

Podemos perceber nesta peça muitas características modernas e impressionistas, como um a melodia granular e ritmada, que se perde e se mistura a cadência cromática, até tornar-se indistinguível. Após a cadência cromática, uma nova melodia é introduzida, esta mais clara, que leva a música novamente a uma melodia granular ritmada.

Em termos técnicos, trata-se de uma obra simples, apresentando dificuldade apenas em sua cadência cromática, que deve ser leve, e ao mesmo tempo misturar-se a melodia gradualmente afim de denotar as características próprias do período.

Abaixo, minha gravação para esta obra:

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Visita a capela da Ulbra - Parte 2

Dando continuidade a sequência de posts sobre a visitação efetuada à capela da ULBRA, com os alunos da escola de música, vamos falar um pouco sobre o Clavicórdio e o Cravo.

No post anterior, falamos sobre o piano, e você pode conferir no link abaixo:



Clavicórdio

Clavicórdio


O Clavicórdio é um instrumento pequeno, portável, considerado o avô do Cravo. Este pequeno instrumento é considerado um dos primeiros instrumentos de câmara do mundo, ou seja, basicamente ele foi criado para uso em pequenas salas, com poucos ouvintes. Normalmente era o instrumento utilizado por músicos nômades durante a idade média, que eram contratados para transmissão de mensagens musicadas. Era muito comum a contratação destes músicos por generais vitoriosos, que enviavam boas notícias ao seu rei.

Clavicórdio

Seu som  é muito parecido com o cravo, se assemelhando ao som de dedilhado em um violão. Devido a sua forma de construção, este instrumento não proporciona qualquer dinâmica, uma vez que não possui mecanismos de multiplicação de força.


Pequenas hastes de metal presas na extremidade das teclas
responsáveis por gerar o som, golpeando as cordas.

O som deste instrumento é produzido golpeando a corda com uma pequena haste de metal, presa na ponta interna da haste da tecla, gerando assim o som característico do instrumento.


Cravo

Cravo


O Cravo já é um instrumento mais complexo, tendo seu som muito parecido com o Clavicórdio. Este instrumento, já mais moderno, pode possuir mais de um manual, dando maiores possibilidades ao interprete. A depender do cravo, o segundo manual pode ser configurado para adição de uma quinta ou oitava, ou simplesmente possui um timbre ligeiramente diferente do primeiro manual.

O Cravo e seus dois manuais


Este instrumento normalmente era utilizado de forma a seguir o "baixo contínuo" das músicas. Na época de sua criação, o uso de partituras não era comum, e a escala tonal temperada começava a ser utilizada e estudada, desta forma, as músicas eram mais rudimentares passando por poucas (ou nenhuma) modulação, ficando assim restrito a repetir a harmonia dos baixos e improvisar seus arranjos.

A forma de geração de som do cravo é um pouco diferente do clavicórdio. Enquanto o clavicórdio golpeia de leve a corda (gerando um som semelhante ao dedilhado no violão) o cravo "puxa" a corda, gerando um som semelhante a dedilhado utilizando a unha, no violão. Isto é feito através de uma pequena "pinça", presa na extremidade de um êmbolo situado acima da haste da tecla. Ao pressionar a tecla, este êmbolo sobe, pinçando a corda.

"Pinça" responsável por gerar o som do cravo

Desta forma, a técnica para se tocar o cravo é diferente da técnica pianística, sendo necessário mais delicadeza por parte do interprete, pois o uso excessivo de força pode romper alguma corda. Também é possível perceber que as teclas possuem uma certa resistência devido ao ponto em que a "pinça" encontra a corda. Desta forma, executar qualquer obra no cravo torna-se completamente diferente de faze-lo em qualquer outro instrumento de teclado, as diferenças vão muito além do simples som, passando pelo uso de registração, técnica e sensação de toque devido ao mecanismo único deste instrumento.


Parte 3: O órgão de tubos (em breve)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Sonata em Dó maior K545 de Mozart



A Sonata em Dó maior (K545), também conhecida como "Sonata Facile", foi adicionada ao catalogo de Mozart em 26 de junho de 1788, sendo considerada uma das sonatas mais acessíveis do compositor. Esta obra faz grande uso do baixo de Alberti, sendo este muito utilizado na exposição e reexposição temática do primeiro movimento, e presente na maior parte do segundo movimento desta sonata.


Os primeiros dois compassos do segundo movimento da Sonata K545.
Pode-se ver o uso do baixo de Alberti como acompanhamento do tema principal


A obra em si não apresenta nenhuma dificuldade técnica, sendo uma das obras mais acessíveis do compositor, porém, a grande dificuldade reside em sua interpretação, sendo necessário grande maturidade por parte do interprete. O segundo movimento em especial apresenta uma série de armadilhas para a interpretação, fazendo com que o interprete seja tentado a interpreta-la como uma obra romântica, descaracterizando-a.

A interpretação desta obra deve ser um tanto métrica, com pouco ou quase nenhum "rallentando", obrigatoriamente soando de forma suave, principalmente em seu primeiro movimento. A dinâmica não deve ser exagerada, mas precisa expressar a tensão tonal, principalmente em seu segundo movimento. O terceiro movimento apresenta a forma de um rondó, de andamento allegretto, sendo este o movimento tecnicamente mais complexo da obra.

Primeiros compassos do terceiro movimento da Sonata K545, um rondó com andamento
allegretto. Pode-se observar o uso do baixo de Alberti novamente neste movimento, porém
ele é menos presente do que nos demais movimentos.


Artigos relacionados: A Sonata e a Forma Sonata

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Visita a capela da Ulbra - Parte 1

No dia de 6 de Julho, realizamos com os alunos de teclado e piano da escola de música da comunidade São Paulo, uma visita na capela da ULBRA Canoas, com intuito de conhecer os instrumentos que a mesma dispões e aprender um pouco de sua história.

Neste passeio fomos recebidos pelo Pastor Mestre Paulo Brum (mestre em Práticas interpretativas em Orgão de Tubos pela UFRGS) que nos guiou e demonstrou todos os instrumentos de teclado da capela, além de tirar dúvidas as respeito de instrumentos de percussão.


Piano

  A capela da Ulbra possui a disposição um piano Steinway, 1876, fabricado nos Estados Unidos. Este instrumento dispensa qualquer apresentação,  sua marca e histórico falam por si, sendo uma das melhores
Data de fabricação - Piano Steinway
ULBRA Canoas
marcas do mundo em fabricação de pianos para concerto. Este instrumento possui um teclado muito bem regulado e sensível, possibilidade a exploração de diversas sonoridades ao interprete.

Todo o piano está muito bem conservado, e sua sonoridade é impar. Algo que me chama muito atenção ao experimentar pianos acústicos (principalmente de concerto) é a responsividade das teclas, a profundidade do som devido aos harmônicos e a reverberação na caixa acústica, harpa e placa de ressonância, sem falar no efeito do pedal. Mesmo os pianos mais modernos, como os Clavinovas do topo da linha CVP  não conseguem ser parecidos com um piano acústico como este, errando feio na hora de simular reverberação e harmônicos.

Piano Steinway - ULBRA Canoas

Uma das maiores dificuldades que tive ao tocar neste piano foi a adaptação ao sustein. Os pianos acústicos tendem a sustentar as notas por mais tempo do que os pianos digitais, desta forma torna-se comum que alguém acostumado a estudar em pianos digitais deixe "embolar" o som fazendo com que a melodia (voz principal) da música não fique clara. Isto ocorre por diversos motivos, onde podemos enumerar desde fatores ambientais até mesmo de construção do piano acústico.

Devemos entender que os pianos digitais possuem um número finito de frequências e notas que podem processar e iterações harmônicas que podem calcular. Eles também não sofrem influências do tipo de sala e material desta sala, e nem influência direta da umidade do ar como ocorre com os instrumentos acústicos. A sonoridade de um piano acústico muda drasticamente em um ambiente seco (baixa umidade relativa) e em um ambiente úmido, desta forma, o som capturado para geração de exemplos (sample dos pianos digitais) normalmente é um som perfeito e ideal, capturado em ambiente controlado (baixa umidade, sem ecos e reverberação por influência externa e etc), fazendo com que não seja perfeitamente igual ao de um piano em condições reais de uso.

Devido a isto, um pianista que estude sempre em pianos digitais, deve ter algum tempo disponível com o instrumento onde realizará o concerto afim de adaptar suas técnicas, uma vez que a diferença é simplesmente gritante. É claro que alguns pianos digitais (como os CVPs mais caros da Yamaha) possuem diversos ajustes que conseguem controlar reverberação, intensidade de harmônicos e até mesmo inserir profundidade da sala, e outras variáveis afim de aproximar o som do instrumento de pianos em situações reais, porém, enquanto não existir uma forma de simular em tempo real todas as variáveis envolvidas, nunca teremos um som perfeitamente real.

Piano Steinway - ULBRA Canoas

Portanto, é uma experiência ímpar tocar em um instrumento de concerto, cuja qualidade é garantida e atestada mundo a fora. Instrumentos como este estão a disposição apenas em universidades, grandes escolas de música e salas de concerto, devido a seu alto preço (iniciando nos 140.000 Dólares) e de seu alto custo de manutenção.


Parte 2: Clavicórdio e Cravo 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Nova Gravação - Le Petit Nègre

Na noite anterior, finalmente resolvi efetuar a gravação de "Le Petit Nègre". Esta gravação já havia sido prometida por volta de maio, mas não consegui tempo para efetua-la na época.

 Abaixo, segue a nova gravação. Em breve estarei disponibilizando uma breve análise da obra e seu histórico. Espero que gostem.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

432Hz ou 440Hz?

A afinação dos instrumentos é feita, atualmente, com base no LA a 440Hz. Mas nem sempre foi assim, a afinação foi subindo, pouco a pouco, até chegar aos 440Hz atual.

Acredita-se que na época dos grandes compositores, os instrumentos eram afinados em 432Hz. O exato motivo desta mudança segue obscura.


Alguns motivos para a tal mudança

Um dos motivos apontados diz respeito unicamente ao brilho das musicas e facilidade de gravação. Tendo em vista que os antigos gravadores e equipamentos de som tinham menor sensibilidade para altas frequências, este incremento de frequência nas músicas facilitava as gravações, uma vez que compensava a falta de sensibilidade dos equipamentos. Também era visível para a plateia que as músicas tornaram-se mais "brilhantes" do que antes.

Um segundo motivo, aponta para a Segunda Guerra Mundial. A proposta de subir a afinação para 440Hz foi dada pelo ministro de propaganda nazista, pouco antes de estourar a Guerra. Sabemos que Hitler utilizou muitas obras eruditas como fundo de seus discursos, desta forma, uma afinação mais alta teria efeitos psicológicos diferentes nas pessoas, gerando euforia.

Exemplo de gravação em 432Hz

Abaixo, segue uma gravação do Noturno em C#m Opus Posth de Chopin, efetuada em 432Hz. Provavelmente era assim que Chopin o escutava quando era executado, e era assim que ele foi concebido e soava em sua época.



quinta-feira, 4 de julho de 2013

Mudança no cronograma

Infelizmente houveram algumas mudanças no cronograma para o segundo semestre. Como havia comentado neste post, fui convidado para a realização de um concerto/recital solo e ser o pianista solista na execução da Cantata O Reino Divino, que seria realizada em agosto, na CELSP de Novo Hamburgo.

Infelizmente, devido ao intenso ritmo da faculdade, acabarei não podendo participar da Cantata. No próximo semestre estarei cursando 7 disciplinas, impossibilitando-me de comparecer aos ensaios gerais, que iniciarão em agosto (sendo três ao todo). Devido a isto, conversando com o Mestre Raul Blum, acabou-se por achar mais prudente convidar outro solista para este evento, apesar de já estar com boa parte da obra estudada, devido a complexidade da mesma. Esta peça não possui grande dificuldade técnica, porém possui muitas mudanças rítmicas e de compasso dentro dos próprios movimentos, necessitando assim de ensaio prévio com os demais músicos envolvidos.


Concerto no seminário

O concerto no seminário segue dentro do planejado, e será realizado no dia 23 de agosto. O repertório já foi escolhido e estou preparando-o. Conforme nos aproximamos da data, irei divulgar o horário do concerto para quem quiser ir assistir. Foram escolhidas obras de Bach, Mozart, Chopin, Beethoven e Debussy, sendo que ainda estarei avaliando a inserção de uma peça de Liszt ao repertório.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

História e uma breve análise da "Fantasie-Impromptu" (Op66) de Chopin


Manuscrito original - Fantasie-Impromptu



A obra foi composta por volta de 1834, tendo sido entregue a Julian Fontana, compositor e grande amigo de Chopin. Na ocasião, Chopin solicitou a Fontana que a obra não fosse publicada, fato que ocorreu apenas após a morte do compositor, a pedido de sua família.
F. F. Chopin

Infelizmente pouco sabe-se a respeito da obra, principalmente por esta não ter sido publicada no ano de sua composição, desta forma não existindo quaisquer registros diretos sobre a obra. As poucas informações existentes foram encontradas em cartas. Uma das teorias mais aceitas é a de que Chopin teria desistido da publicação devido a uma semelhança não intencional com o Impromptu em mi bemol maior de Ignaz Moscheles. Outra possibilidade, é que esta obra teria sido originalmente vendida a uma baronesa, que simplesmente queria tê-la como propriedade exclusiva.



Uma breve análise da obra

Uma das maiores dificuldades desta peça reside nos ritmos alternados presente entre as mãos, sendo a mão esquerda formada por colcheias enquanto a mão direita executa tercinas e semicolcheias.
Inicialmente, temos uma melodia com movimento ininterrupto, em um compasso binário com um andamento allegro agitato.

Ritmos alternados, tercinas x colcheias


 A grande dificuldade na primeira parte desta obra reside em manter a leveza e suavidade, aumentando gradualmente a tensão da obra devido as mudanças de tonalidade. Um cuidado especial deve ser dado ao segundo tema apresentado, que precisa soar marcado.

"Segundo tema" exposto assinalado, deve ser salientado

Também deve ser dado uma atenção especial a cadência que resolve a primeira parte da obra. Esta candência leva a peça para um compasso largo, na tonalidade de ré bemol maior, que introduzirá uma fantasia em um andamento moderato cantabile.

Cadência que introduz a fantasia


Esta parte da obra (a fantasia) utiliza fragmentos e ideias dos temas já expostos na primeira parte, apresentando-os sob uma ótica mais doce e calma, sem o devaneio apresentado inicialmente, indicando-lhes uma breve resolução.

Inicio da fantasia - Moderato cantabile


O final desta fantasia mostra-se abrupto, sem uma resolução, denotando um tom sombrio e retornando ao devaneio inicial. A tonalidade volta a dó sustenido menor com andamento allegro agitato, porém, ao final da grande cadência, temos semicolcheias na mão direita e o mesmo tema utilizado durante a fantasia é executado pela mão esquerda, desta vez dobrado e mais marcado, encaminhando a obra para uma resolução com um acorde de dó sustenido maior.