Sei que
o título é estranho, e talvez a ideia seja justamente essa, um título estranho
e talvez um pouco sem sentido (mas nem tanto), uma vez que pretendo discutir
aqui uma questão um tanto complexa e que já foi abordada em diversos artigos
mundo a fora. Será que o estudo continuado da música forma pessoas melhores?
Até que ponto o simples fato de propiciar o ensino da música, principalmente a
erudita, ajuda no desenvolvimento de crianças e jovens? Será que podemos
afirmar que o estudo contínuo de música auxilia a moldar o comportamento das pessoas
e a formar indivíduos mais bem preparados para mundo e para as diversas
atividades intelectuais? Neste artigo, separado em duas partes, irei abordar
este assunto e trazer alguns pensamento que me ocorrem. Todas as ideias
expressas no texto estão relacionadas com a minha vivência pessoal e as
observações que tenho feito ao longo dos anos, desde o tempo em que fui
estudante de música, posteriormente professor de ensino técnico trabalhando
diretamente com adolescentes, e hoje como professor de teclado.
Atualmente
vivemos numa época complicada, onde referências deixam de existir e as crianças
acabam por perder o foco em coisas importantes pelo simples fato de serem
chatas. Não foram uma ou duas vezes que escutei crianças e adolescentes
reclamando das aulas de matemática na escola e falando com a boca cheia que não
estudam para provas devido a não gostar
da matéria e não irão utilizar isto para nada, dando a desculpa que, a
recuperação existe e os professores sempre dão um jeitinho de passar o aluno,
por mais que não tenha estudado. É claro que este é um problema social maior e
mais complexo, que está ligado a desestruturação familiar e um modelo de ensino
decadente, que não proporciona mais ferramentas eficientes de cobrança aos
professores, e muito menos formas de avaliações mais condizentes com a
realidade tecnológica que vivemos nos dias atuais.
Porém, existe um fator intrigante
nisto tudo, que me deixa um pouco preocupado. Nossas crianças e adolescentes
não estão sendo acostumados a realizar tarefas necessárias, e que não gostam.
Não estão sendo ensinados a ter disciplina para estas atividades, e isto se
reflete no mercado de trabalho e na grande rotatividade nos cursos de nível
superior, no aumento de problemas psicológicos entre jovens e adolescentes, e na
dificuldade para tomar determinadas
decisões, pois estas são basicamente movidas pelo imediatismo e pela sua torpe
visão daquilo que é "divertido".
Desta
forma, podemos dizer que um estudante de música passa por diversas situações
que exigem e forçam o desenvolvimento de algumas qualidades específicas, que
hoje começam a se tornar escassas no meio acadêmico e profissional, como o
comprometimento, censo crítico e principalmente a força de vontade. Não existe música bem sucedido ou orquestra de renome sem estudo, comprometimento e muita força de vontade. Não perca a
continuação deste artigo, onde iremos abordar os referidos pontos e fazer uma
ponte entre eles, o estudo continuado de um instrumento musical e o mundo real.
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