Gravações - Repertório

As obras abaixo estão prontas e disponíveis para apresentações, concertos e recitais.


Nem todas as gravações foram atualizadas, portanto, algumas obras já possuem uma interpretação mais apurada.






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segunda-feira, 28 de março de 2016

Estilo e forma musical para comunicar no âmbito litúrgico

A música permeia a sociedade deste os tempos antigos, sempre foi usada para tudo, desde recreação a rituais religiosos. Este fato tem muito a ver com o impacto que esta proporciona às pessoas envolvidas. Utilizamos música para relaxar, para empolgar, para pensar e filosofar. Utilizamos músicas para atingir o divino, e até mesmo para guerra, impulsionando a infantaria ou inflamando o povo, como Hitler já bem sabia. É fato que o ser humano, assim como a maioria dos animais, possui uma ligação íntima com a música e que a sua forma e estilo tem muito a ver com o que se quer comunicar.

A igreja percebeu isso desde os seus primórdios. De uma forma mais rudimentar, a música era utilizada na época do antigo testamento, mas foi somente a partir do desenvolvimento de instrumentos mais complexos e o amadurecimento da escrita musical e toda sua teoria, em grande parte na idade média e renascença, que estilo e forma foram utilizados de modo mais complexo e amplo para transmissão de uma determinada mensagem. Não que a forma e estilo da música nos tempos antigos não estavam ligados a mensagem, certamente que sim, porém com a erudição toda a gama de sons passa a ser utilizada de modo direcionado para obtenção de um determinado momento ou clima, levando as pessoas à reflexão. Sabe-se, por exemplo, que muitos órgãos de tubos da Europa são projetados com posicionamento estratégicos de seus tubos, de forma a proporcionar um sentimento de penitência ao crente que estava na igreja. Não somente os instrumentos passam a ser construídos com propósitos específicos, modelando seus timbres, como também as obras passam a ser construídas com forma e estilo específico para transmitir uma mensagem.

Sendo assim, a música deve ser utilizada de forma coesa, principalmente no ambiente religioso. Obras são compostas com tonalidade e estilo específico para cada período do calendário religioso. Bach, um dos maiores (se não o maior) compositores que este mundo já viu, compôs uma série de obras visando o calendário da igreja. Basicamente, Bach transcreveu o evangelho em música. Mas o ponto focal não são as obras em si, mas seu estilo e as figuras de linguagem presentes no arranjo e contraponto. Letra e música devem casar, a letra leva a uma reflexão mas ela por si só não garante a completa reflexão acerca do que está sendo cantado. Devido a isto sempre fui um grande defensor das obras clássicas presentes no Hinário Luterano, já esquecido em muitas igrejas ditas tradicionais.

Música não é apenas som, música é o som organizado para um proposito maior, e principalmente no âmbito litúrgico, letra e música precisam andar em conjunto para o momento de reflexão que o período requer. Ideal para esta reflexão é o período de paixão e páscoa, pois temos em três dias uma grande mudança no momento litúrgico (morte x vida). As obras de paixão apresentam em sua maioria um andamento moderado e tonalidades menores, pois não apenas a letra remete ao sofrimento de Cristo na cruz, mas também o arranjo e melodia se encaixa com o momento de reflexão. Cristo está morrendo, o Salvador foi pregado em uma cruz e seus seguidores não fazem ideia do que vai acontecer. O pecado do ser humano levou a este incidente. A música deve transparecer esta reflexão não apenas em sua letra, mas em seu arranjo como um todo, pois caso contrário, a reflexão não será completa e o objetivo de admoestação não será atingido, pois de acordo com a Palavra, são os pecados da humanidade que levaram Cristo à Cruz (e é esta a reflexão necessária para o período). Em contraponto as obras da paixão, as obras compostas para o domingo de páscoa apresentam andamentos mais alegres, tonalidades maiores e mais brilhantes. O arranjo é feito de forma a casar com a letra e levar a reflexão e revelação de que Cristo foi ressuscitado.


Com este exemplo, podemos perceber a importância do correto uso da forma e estilo musical para transmissão de uma mensagem. Sem esta preocupação, música se torna apenas canto, apenas "algo legal e bonito", não levando a completa reflexão a qual é destinada no âmbito litúrgico. Muito
cuidado deve ser tomado com a escolha das músicas, e inclusive com a tradução de letras, pois música não é apenas letra, e não é apenas arranjo (forma e estilo), é o casamento perfeito entre este dois e o momento litúrgico. Este deve ser o tripé da música sacra, se um pé falhar, a reflexão não acontece da forma esperada e a mensagem não é transmitida.


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